domingo, 17 de abril de 2011

45. Despedidas

45. Despedidas.
Alec.
Chamei Sophie para começarmos as despedidas mais cedo, afinal faltava apenas um dia para a batalha.
Ela me acompanhou até a campina onde havia nascido.
Todo o sangue que saíra de Renesmee já havia sido lavado pela chuva e agora a grama estava verde novamente, sem nenhum resquício do sangue vermelho vivo.
— Sophie... - comecei a dizer, mas fiz uma pausa. Eu não queria ter de dizer um “Adeus” premeditado a ela.
Meu amor me calou com um beijo urgente.
— Não precisa dizer nada, eu sei o que você quer dizer e eu não quero ouvir essas palavras, Alec. - disse ela com lágrimas nos olhos. - Vamos ficar juntos para sempre.
As lágrimas que ela represava escorreram pela sua maravilhosa face. Sequei-as com beijos.
— Para sempre. - ecoei. - Então, por favor, não chore, não quero vê-la triste.
 Ela secou algumas lágrimas que eu tinha deixado escapar com a manga da blusa e me deu um sorriso, que não chegou aos seus olhos negros como breu.
Toquei-lhe o queixo e elevei a cabeça dela para beijar-lhe os lábios vermelhos carnudos.
Nossas bocas se chocaram e eu pedi passagem com a língua, que foi rapidamente cedida.
Nos beijamos até o sol nos tocar. Instantaneamente, minha pele começou a brilhar que nem diamante.
Sophie sorriu e novamente seu olhar retomou o brilho que havia. Em seguida ela olhou para ela mesma, franzindo a testa e olhando para meu brilho.
Sorri. Sophi não brilhava muito, era apenas um singelo brilho (menor ainda do que o de Nessie). Nada que a obrigasse ficar em casa num dia de sol.
Puxei-a para mim e murmurei no ouvido dela:
— Você é linda. Totalmente perfeita.
Seu rosto alegrou-se novamente e ela corou.
Eu ri e dei um beijo na bochecha corada dela.
— Linda. - repeti.
Adentramos mais a campina e nos deitamos na relva. Sophie descansou a cabeça dela em meu peito e eu fiz carinho nos cabelos dela.
Suspirei e exalei o maravilhoso perfume de sua pele.
Eu ainda não acreditava que Sophie era minha. Eu sabia que não merecia uma garota como ela.
Ficamos assim, deitados, por muito tempo, até o sol ficar a pino. Eu sabia que Nessie não me perdoaria se eu ficasse por muito tempo com Sophi, elas também tinham que se despedir.
Acho que chegou a hora de falar tudo o que tinha que ser dito.
— Sophie. - sentei-me ereto e senti a caixinha de veludo pesar em meu bolso.
— Sim? - perguntou-me ela.
— Eu sei que você não quer dizer adeus, mas precisamos... Hoje a meia-noite, os Volturi vão chegar e eu não sei o que irá acontecer.
Sophie fungou e mais lágrimas se derramaram.
— Alec...
— Ouça-me. - falei e coloquei a mão no bolso de meu casaco. - Sophie eu te amo mais do que tudo na vida e meu juramento vai servir amanhã. Eu sempre vou te proteger. - limpei a garganta. - E... Se sairmos os dois vivos - aliás, se eu não sair morto - quero que - peguei a caixinha e abri a tampa. - se case comigo. Então você aceita?
Sophi não mais chorava, ela tinha um sorriso encantador no rosto enquanto estendia a mão para tocar a aliança de diamantes.
Seus olhos brilhantes voltaram-se para mim.
— Aceito.
Sorri e coloquei a aliança onde ela permaneceria.
Depois de ficar admirando a joia, ela me olhou novamente e franziu o cenho.
— Será que podemos esconder isso do meu pai? - perguntei e eu ri.

Jane.
Acompanhei Raphael até onde ele havia se declarado para mim há alguns dias atrás.
Sentamo-nos na mesma pedra e Raphael me encarou.
— Jane... Eu queria não ter que me despedir, mas não sei o que pode acontecer amanhã. - falou ele com o olhar perturbado. - Não suporto nem pensar em te perder, mas há essa possibilidade.
Desviei o olhar, eu sabia mais sobre as estatísticas do que ele. Com certeza haverá baixas de nosso lado na guerra.
— Mas, - continuou ele alheio aos meus pensamentos sombrios. - eu vou te proteger de tudo, não se preocupe. Sempre vou estar com você.
Ele me deu um sorriso triste, mas não consegui sorrir de volta. Se eu pudesse derramar lágrimas agora, eu já estaria em prantos.
 — Eu também sempre estarei ao seu lado e, não se preocupe, vou protegê-lo também. - falei olhando para a grama a meus pés.
— Não me prometa nada. - falou ele delicadamente.
Funguei e ele me enlaçou, puxando-me para mais perto, até quase não haver nenhuma distância entre nossos corpos.
Sua boca macia colou-se na minha boca e o beijo tornou-se mais urgente com o medo de perder.
Raphael me deitou na grama e eu abri os olhos. Seus olhos também estavam abertos e também me fitavam.
Eu sabia o que iria acontecer em seguir e, sim eu ia me entregar.
Pela primeira vez em minha vida, desde que fui transformada, entreguei-me ao amor.
Renesmee.
Eu estava impaciente, daqui a pouco faltaria pouco para as quatro da tarde e meus filhos ainda estavam fora.
Mas, foi só eu pensar neles que Raphael, Sophie, Alec e Jane adentraram a porta.
Sorri e abracei meus filhos.
Logo isto seria impossível e o medo de perder um dele era aterrorizante.
Pela primeira vez em semanas, Sophie me abraçou de volta e enterrou seu rosto em meu peito, chorando.
Eu a apertei mais forte e sentei-me ao sofá, a embalando como se ainda fosse o bebê que tinha crescido rápido demais.
— Mamãe... Vai ficar tudo bem, não vai? - fungou ela e me olhou ainda com os olhos transbordando em lágrimas. - Não vamos perder ninguém, não é?
Suspirei e me esforcei para não voltar a chorar novamente.
— Espero que não, querida. Espero que não.
Ela soltou um gemido de frustração (desta vez em relação aos Volturi e não porque eu estava a enchendo) e enterrou novamente seu rosto em meu peito.
As lágrimas que eu tentava represar agora caiam e eu também enterrei meu rosto em seus cabelos negros.
Raphael que também tinha lágrimas quase transbordando veio nos abraçar, em seguida Jacob.
Nós quatro, juntos pela última vez.
Já eram onze horas da noite e já estávamos nos aprontando para a batalha.
Os Volturi iam chegar à meia-noite de acordo com a visão de Alice.
Olhei para o anoitecer que cobria o céu e tentei não pensar nas perdas que iríamos sofrer.
A fileira da frente ia ser constituída por Alec, Jane, Carlisle, Edward, Jasper, Emmet, Rosalie, Alice, Kate, Zafrina, Eleazar, Demetri, Heidi, Félix e por mamãe.
Antes de ir para seu lugar ela me deu um beijo na bochecha. Pelo que sabíamos podia ser o último.
As demais fileiras foram constituídas e eu fiquei na segunda, junto com meus filhos.
Jake, Sam e as matilhas iam ficar atrás de todos.
Meus filhos iam lutar em sua forma “humana” e já estavam prontos.
Depois de arrumadas todas as fileiras, os murmúrios preencheram a clareira de beisebol. Murmúrios de despedidas.
Eu já estava a ponto de chorar quando Alice e papai olharam para frente.
Uma névoa subia no lugar onde a floresta começava.
Agucei meus ouvidos para ouvir os passos dos Volturi e os passos do exército de Joham. Apenas o segundo foi ouvido, pois os Volturi eram graciosos demais para fazerem barulho.
Prendi a respiração enquanto a “flor” Volturi desabrochava.
Atrás vinham Joham e seu exército. Nahuel também estava junto deles, com a face dura e fria.
Olhei nos olhos do criador dos híbridos. Vermelhos. Crueis.
Em seguida olhei para todo o arsenal que os Volturi tinham reunido.
Não havia nenhuma fileira de testemunhas. Óbvio. Eles vieram para matar e não para julgar.
Comecei a contar e perdi a conta depois dos cem.
Realmente, estávamos perdidos.
Uma lágrima escorreu pela minha face e depois me preparei.
Logo começaria e eu tinha que proteger a todos. A meus filhos.
Pena que eu falharia com esta missão. E sofreria por isto.

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