domingo, 17 de abril de 2011

44. Contagem Regressiva

44. Contagem Regressiva

Acordei novamente tendo pesadelos e me lembrando que agora só faltavam quatro dias para encontrarmos os Volturi.
Jacob ainda dormia e roncava alto. Eu não quis acordá-lo, por isso vesti meu robi de seda branco e desci silenciosamente as escadas até a cozinha, onde eu enchi um copo com água, que tomei devagar, bebericando aos pouquinhos.
Enquanto eu bebia minha água pensei no que eu faria quando a luta começasse.
Certamente os Volturi iriam começar apenas falando, talvez sobre meus filhos - e como eles eram um perigo para todos os vampiros -, só para protelar até a hora “h”
Mas, e depois? Era fácil lutar e ganhar do tio Emmet na clareira de beisebol, mas seria muito mais difícil de lutar com uns Volturi.
— Nessie? - a voz rouca de sono de Jacob me assustou.
— Jake! Me assustou, amor! - falei depois de recuperar o fôlego.
— Desculpe. - ele sorriu e passou as mãos nos cabelos desgrenhados.
— Tudo bem, mas por que acordou tão cedo?
— Cedo? - ele arqueou as sobrancelhas. - Nessie já é quase hora de irmos encontrar o resto dos sanguessugas!
Quanto tempo eu ficara pensando nos Volturi? Certamente muito.
— Que horas são? - perguntei.
— São quase nove.
É, realmente muito tempo, pois eu despertara lá pelas seis.
— Vou acordar as crianças. - eu disse e foi uma sorte Sophi não ter ouvido a palavra “crianças”.
Jake me deu um selinho quando passei, indo para a escada.
Como a casa não era lá muito grande, Raphael e Sophie dividiam o quarto.
A parte de Sophi era lilás e bem organizada, com uma recente foto do Alec a abraçando na pequena mesa ao lado de sua cama.
A parte de Raphael era azul escura e não muito organizada. Também perto de sua cama, havia uma foto de Jane.
Sorri e balancei os ombros dos dois.
— Acordem! - eu disse. - Vamos!
Raphael murmurou algo como: “mais cinco minutos”.
— Nem um minuto a mais! Vamos, levantem!
Sophi abriu um olho e me fitou
— Mãe... Por favor! - pediu ela.
— Não! Levantem! - gritei.
Sophie bufou e jogou suas longas pernas para fora da cama, erguendo-se e me fuzilando com o olhar.
— Droga, mamãe! - e saiu do quarto em direção ao banheiro para se aprontar.
Suspirei e me virei para Raphael.
— Levante.
Raphael abriu os olhos e sorriu.
— Bom dia mamãe!
— Bom dia meu amor! - sorri enquanto ele se levantava e ia para a porta, gritando:
— Sophi, sai daí!
Eu ri e arrumei as camas dos meus gêmeos, que agora disputavam o pequeno banheiro. Eram assim todas as manhãs. Todos os dias.
Depois de feitas as camas, eu comecei a fazer o café da manhã deles e o de Jacob; eu ainda preferia sangue.
— Que cheiro bom! - exclamaram pai e filho em uníssono.
— Comam logo, temos que ir até a casa principal. - lhes falei e olhei por sobre o ombro deles. - Cadê sua irmã?
— Ainda tá se arrumando. - disse Rapha. - Ela quer ficar bonita para o Alec.
Ao ouvir essas palavras Jacob fez uma cara feia e zangada. Raphael abafou o riso fingindo tosse.
— Sophie vem logo! - gritei e a ouvi suspirar no segundo andar.
Jake a Rapha começaram a comer e quando eu já estava a ponto de subir para arrancá-la da frente do espelho, ela desceu.
— Tô aqui. - ela falou e pegou uma rosquinha e pôs-se a comê-la.
— Não seja assim. - falei para ela, que deu de ombros.
Suspirei e fui me arrumar. Tirei o avental que estava usando para cozinhar e subi correndo as escadas.
Como iríamos lutar, optei por uma calça jeans preta, uma regata vermelha e tênis branco.
Olhei-me no espelho e coloquei um pouco de gloss, só para dar um brilhinho nos lábios.
Eu era ao mesmo tempo parecida e totalmente diferente de Sophi.
Meus cabelos eram acobreados e os dela eram negros. Só o encaracolado que ela puxou de mim. Seus olhos eram da mesma cor do cabelo, enquanto os meus tinham o tom exato dos de mamãe (quando humana). A cor da nossa pele era a mesma, porém às vezes ela ficava mais corada nas bochechas.
Como eu tinha dito, éramos iguais e diferentes ao mesmo tempo. Não só na parte física.
Ela puxara de mim também a teimosia, mas aquela arrogância não era minha.
Suspirei.
— Renesmee, estamos prontos. - disse meu marido lá de baixo.
Corri escada a baixo e os encontrei na porta, já prontos para sair.
— Estou pronta. - anunciei e saímos.
Pronta para mais um dia de treino e caça, e pronta para menos um dia da contagem regressiva que eu havia começado há três dias atrás.

Antes de treinar, iríamos caçar primeiro. Novamente nos dividimos em dois grupos, mas desta vez Alec e Jane viriam conosco. Eles disseram que caçariam mais tarde seu verdadeiro alimento.
Eu estava feliz em saber que eles não mais matavam, embora a imagem de um dos dois em um beco escuro, encurralando um humano, sugando seu sangue e o deixando lá mesmo, me deixou assustada e arrepiada.
Quando chegamos à casa principal, todos os vampiros não vegetarianos já tinham saído, exceto Alec e Jane.
Jane me deu um abraço e foi até Raphael que a beijou. Alec me deu um beijo na testa e um longo beijo na boca de Sophie, que suspirou e colocou duas mãos no pescoço dele.
Jacob franziu a testa e murmurou algo ininteligível. Ri e encostei minha mão no braço dele e lhe mostrei a frase que estava em minha mente.
“Eles já cresceram, não são mais os nossos bebês.”
Jacob suspirou e passou os braços a minha volta.
— Vamos? - perguntou meu pai.
Assentimos e saímos.
A matilha de Jake e a matilha de Sam já nos esperavam, totalmente prontos e transmutados.
Jacob, Rapha e Sophi explodiram na forma de lobo e todos nós corremos.

Ao final da caçada fomos todos para a campina de beisebol.
Alec e Jane não tinham caçado nenhum animal, eles disseram que só o cheiro repugnante era mais do que eles podiam aguentar.
Hoje não teve carnívoros, somente herbívoros. Alces, na maior parte.
Quando terminamos de caçar, meus lobos foram se trocar, mas já tinham voltado e agora meus filhos davam a mão para Jane e Alec.
Todos correram rápido e chegamos na campina, onde todos os outros já estavam.   
Era tangível que os vampiros haviam caçado. Sua pele de marfim e seus olhos carmesins estavam mais lustrosos e todos pareciam mais fortes do que antes.
Será que essa força nos levaria à vitória? Eu achava que não.

As rodadas de lutas foram as mesmas de ontem. Jasper falou um pouco e depois lutamos.
Sophie ganhou de Alec e de outros dois vampiros.
De cinco rodadas eu ganhei três, perdendo só para Jacob e Edward.
Raphael ganhou todas as que lutou.
Bella também melhorou e ganhou duas de quatro.
Emm perdeu para Rose e como sempre ficou frustrado. Ele tinha força, mas ele não pensava antes de atacar.
Do resto eu não prestei atenção, pois foram muitas lutas.
Ficamos lá até anoitecer. Até dar meia-noite.
Sophie dormia no colo de Alec, Raphael abraçava Jane e eu recostava minha cabeça no ombro de Jake.
Quando consegui dormir, sonhei.

Eu estava em uma floresta. Sozinha.
No eu não sabia onde era este lugar e nem onde estavam meus filhos.
Eu ouvia gritos à distância, mas não conseguia encontrar p caminho em meio a tantas árvores.
Uma névoa subia e ficava mais densa a cada segundo.
Foi dessa névoa que ele surgiu. Nahuel.
— Olá, Renesmee. - cumprimentou ele com um sorriso assustador.
— Onde estou? - perguntei.
— Em um sonho. - ele fez uma pausa e franziu a tez. - No nosso sonho.
Olhei ao redor em busca de um caminho para fugir dali.
— Não adianta procurar uma saída, Nessie. - disse ele e seus olhos brilharam, crueis. - Não se pode fugir do destino.
Estremeci.
— E qual é o meu destino? - perguntei com a voz trêmula.
— Sofrer.
Depois que ele disse aquela palavra, Nahuel desapareceu e o sonho se rompeu.
Acordei.
  
— Nessie! - chamaram Alec e Jake.
— Ai... Outro pesadelo. - murmurei.
— Sobre o que? - perguntou papai.
Rapidamente relatei o sonho (mais para pesadelo) a eles.
— Hum... Acho improvável. - disse Carlisle que também estava lá. Todos os vampiros estavam e agora ouviam tudo. - Não acho que Nahuel se juntaria à turma de Joham.
— Nem para proteger as irmãs? - perguntou Jasper.
— Hum...
— Na verdade, - começou Félix. - Chelsea apertou os laços dos dois.
— ?? 
— Por que não nos disse antes? - perguntamos todos.
— É um fato que acabei de recordar. Na realidade os três irmãos não nos disseram nada. Eu ouvi por acidente essa conversa. - defendeu-se ele.
— Bem, então eu acho que teremos mais surpresas do que imaginamos.

Continuamos a discussão por mais algumas horas, até que amanheceu e nos recolhemos.
Somente Jacob e Sam ficaram para esclarecer alguns pontos com papai, vovô e Jas.
Mamãe nos levou até em casa e preparou algo para comermos.
Fazia algum tempo que mamãe e eu não ficávamos tão próximas. Acho que desde o dia da visão de Alice nossa vida foi uma correria.
— Obrigada. - falei tomando meu chocolate quente e observando meus filhos dormindo.
Mamãe sorriu e me abraçou.
— E como vai a vida de mãe?
— É ótimo ser mãe, apesar de toda a correria. - respondi. - Mas, eu queria ser mais próxima de Sophie. Não sei por que, mas desde que ela nasceu, ela preferiu o pai.
— Ela te ama, Nessie. Só que ela está crescendo e não quer mais ficar na sua cola; e eu só acho que ela é mais próxima do Jake por causa dos mimos dele.
— Pode ser, mas ainda assim, queria que nosso relacionamento fosse igual ao meu e ao seu. - desabafei.
— Não importa. - disse ela com um sorriso. - Eles sempre vão te amar e sempre vão ser as coisas mais importantes da sua vida.
Sorri com aquelas palavras. Era verdade o que Bella dizia.

Quando mamãe foi embora, eu tentei dormir. Eu tinha que dormir.
Deitei na cama e fechei os olhos, tentando não pensar em nada.
Depois de poucos minutos eu adormeci.
Não sonhei.

Despertei quando já era noite.
Jacob me fitava apaixonadamente.
— Adoro ver você dormindo. - disse ele com um sorriso.
Sorri e o enlacei com os meus braços, bem para perto de mim.
Ele me beijou delicadamente no início, mas depois seus lábios ficaram mais urgentes.
Eu sabia o porquê. Também sentia isso. Era o medo de perder um ao outro.
Nos entregamos ao amor.

Consegui dormir por mais duas horas e depois me despertei.
Já me sentia melhor com as longas horas de sono, mas qualquer melhora se esvaiu.
Faltavam apenas dois dias.

Depois que todos acordaram e se alimentaram, fomos para a casa principal.
Ao chegar lá, senti que todos também tinham a mesma urgência dentro de si.
Os vampiros que tinham parceiras, não largavam sequer um segundo delas.
Papai e mamãe iriam direto do chalé para a última caçada e o último treino.
Amanhã nada seria feito, pois era o último dia que teríamos para ficar com a pessoa amada e com a família.
Eu esperava que todos ficassem bem e unidos depois da batalha.
Pela primeira vez em sete anos, rezei.

A caçada foi curta, pois hoje o foco seriam as lutas.
Alec e Jane iam se atrasar um pouquinho, pois ambos iam caçar mais para recompensar o dia de ontem.
Raphael foi o primeiro a lutar contra Leah.
Desta vez, eles lutaram na forma de lobos, com a vitória do meu Rapha.
Claro que ela se irritou e foi se vestir ainda bufando.
Quando chegou, sentou-se ao lado de Félix.
Estranhei, mas depois pensei que os dois tivessem algo, apesar de serem loba e vampiro.
Sorri com a ideia de Leah deixar de lado todo o seu rancor e se entregar ao amor.
Alec e Jane chegaram depois de três horas se luta e se puseram no ringue. Essa luta seria de gêmeo contra gêmeo.
Eles fizeram caretas um para o outro e depois lutaram.
Seus golpes eram certeiros, mas conseguiam se esquivar no último segundo.
Depois de meia hora, Jasper declarou em patê e as outras rodadas recomeçaram.
Aplaudi-os e ambos fizeram uma mesura, depois se sentaram ao lado de seus respectivos amores.
Sorri e encostei a cabeça no peito do meu amor.

Todas as lutas acabaram a meia-noite.
Eu melhorara, hoje eu tinha ganhado todas,
Fomos embora de lá rapidamente. Alec pediu para Sophie ir com ele em um lugar para ficarem um tempinho sozinhos e Raphael também pediu que Jane o acompanhasse.
Os quatro iam começar a se despedir antes de todos, eu sabia.
Jake me abraçou e eu percebi que também tínhamos começado.
Só de pensar nas dolorosas despedidas que eu ia ter de passar, cai no pranto ali mesmo, nos braços de Jake.

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