terça-feira, 22 de março de 2011

35. Ultrassom

35. Ultrassom.

Eu nunca tinha sentido tanta dor na minha vida, a única coisa que eu conseguia ver era o rosto angelical do meu melhor amigo, minha visão estava péssima, estava tudo embaçado.
— Nessie, olha para mim, respira! - gritou Alec - Carlisle!
A dor me consumia de um jeito estranho, eu não sabia de gritava ou chorava.
Finalmente chegamos à sala, Alec me colocou delicadamente na cama, ai meu deus, o que só fez a dor piorar.
Carlisle passou o gel em minha barriga, a sensação até que foi boa, mas piorou quando ele apertou o aparelho em meu ventre, eu não sabia que conseguia gritar tão alto quanto gritei naquela hora, se Alec fosse humano com certeza o deixaria surdo, pois ele estava com o rosto a centímetros do meu tentando me acalmar.
Eu não conseguia prestar atenção na tela, só no rosto do Alec.
— Cadê o Jacob? - disse com dificuldade.
Sei la!
As lágrimas desceram dos meus olhos.
— Nessie, não chora, por favor - Suplicou ele a limpando-as.
Carlisle finalmente conseguiu uma boa imagem, ele pediu para que eu e Alec olhássemos e nos espantamos, as crianças estavam totalmente formadas, perfeitas, novas lágrimas caíram dos meus olhos, mas não por dor ou tristeza, eu ia ser mãe, de GÊMEOS.
— São dois? - as palavras de Alec saíram com dor.
Sim, pelo o que parece um menino e uma menina! - Carlisle respondeu.
— Eles são tão lindos! - eu disse com mais lágrimas escorrendo.
Não acredito. - O rosto de Alec estava estampado em dor, ele levantou e se retirou, pelo que eu consegui escutar ele havia chamado o nome do meu marido, mas sua voz não era mais de dor e sim de ódio.
Alice entrou na sala com um pano úmido e limpou meu ventre, a dor tinha diminuindo, me levantei e andei pela casa procurando os dois homens que eu mais amava e os encontrei no quintal dos fundos, Jake estava com um pouco de sangue na boca, meu coração parou.
— Não acredito que são dois. DOIS matando ela já é demais. - Alec gritou, nenhum dos dois tinha notado a minha presença. - Como vamos tirar aquelas coisas de dentro dela, já estão formadas. - Jacob não tinha respondido nada. - O "podemos evitar" não está dando certo!
— Podemos fazer a Nessie dormir e tentar um aborto, mas duvido que a loira ou a Bella deixem.
NÃO! - Gritei, os dois viraram para mim.
— Vocês não podem fazer isso! - Jacob não falou nada, e nem se mexeu, mas Alec olhou para baixo envergonhado.
Nessie, é só uma ideia. - Falou Jacob calmo. Como ele tinha essa ousadia?
Não! Não é um ideia, é o que vamos fazer. Amor essas duas coisas vão te matar. - Jacob olhou para Alec com fúria.
Não são coisas, são meus filhos. - falando isso eu disparei para o quarto, minhas lágrimas não pararam de descer, afaguei minha barriga e só depois notei três grandes hematomas se formando.
Depois de alguns minutos, alguém bateu na minha porta.
— Entre. - Alec entrou e sorriu para mim, mas não consegui retribuir.
— Vim te avisar que Edward e Bella foram para o chalé e Jacob foi falar com Carlisle.
Sobre o aborto? - Ele não respondeu nada. Mas eu sabia a resposta.
Não eles não fariam isso. Eu não permitiria. E, como os dois tinham essa cara-de-pau?
— Olha, não adianta nem se vocês me amarrarem. Não vou fazer aborto. Os meus filhos - acariciei a minha barriga já proeminente - vão viver, nem que eu tenha que morrer por eles.
Nessie, eu só estou tentando te proteger.
— Mas eu não pedi ajuda! - Respondi teimosa.
Ele olhou para os hematomas em meu ventre e novamente a dor tomou seu rosto.
Nessie eu não quero viver para ver você morrer. - ele sussurrou e quando olhei novamente em seus olhos vermelhos me derreti.
— E nem eu quero morrer, Alec, mas também não vou matar meus bebês. Se minha mãe conseguiu, eu também consigo. Pode não ser por meio da transformação, mas eu sou forte. - minha voz era doce.
Mas você não é forte o suficiente. - As lágrimas desceram dos meus olhos, eu tinha medo de ele estar certo.
— Vocês não podem matá-los, você me machucaria?
— Claro que não Nessie! Nunca, jamais! Eu prefiro a morte a ver você machucada e maltratada! É por isso que eu gostaria que você me desse uma ajudinha! - ele estava exasperado.
— Você sabe que nem sempre um aborto dá certo! - o repreendi e o rosto dele entristeceu. Ele não tinha resposta para isso.
— Mas podemos tentar. - ele disse depois de um minuto em silêncio.
Fiz que não com a cabeça. Eu nunca desistiria dos meus filhos.
— Nessie! - meu nome saiu em um grunhido.
— Alec Cullen! - enfatizei o Cullen, que agora era seu sobrenome.
Ele deu um meio sorriso que não chegou a seus olhos.
— Alec - disse novamente - não precisa se preocupar. Eu vou dar um jeito.
Ele caiu aos pés da cama com o rosto entre as mãos. Estaria chorando se pudesse.
— Por favor, não morre! - a sua voz estava embarcada da mais profunda e pura dor.
Corri para ele e o abracei. Não liguei para a dor que isso me causava.
— Vai ficar tudo bem! Tudo vai ficar bem. - tentei acalmá-lo.
— Se você tivesse me escolhido ao invés dele eu nunca teria a feito passar por isso. Nunca! - ele sussurrou em meu colo.
— Mas, também eu nunca seria mãe e nunca estaria completa. - falei calmamente - A pessoa certa vai aparecer para você Alec.
Ele me abraçou, me apertando mais sobre seu corpo de mármore, a dor voltou, mas não falei nada.
— Poderíamos adotar. - ele falou com dor.
Eu não sei se me sentiria completa, eu quero muito isso.
Não, não é o que você quer, é o que ele quer! - Ele disse com raiva. - Ele e esse imprinting.
— Eu o amo! - falei com perseverança.
Me soltei dos seus braços e olhei para o seu rosto.
— Não, eu quero isso, eu não trocaria por nada no mundo. - complementei.
— Trocaria por mim? - Ele perguntou, mas eu entendi o que ele falou, se eu morresse, nós nunca mais seríamos amigos.
Eu não sabia como responder. Fiquei quieta.
Você me trocaria por alguém que ainda não conhece? - Ele me perguntou.
— Alec, são meus filhos!
— Mas você ainda não os viu.
— Idaí, eu os amo e não vou deixar que vocês os matem.
Ele olhou para mim com dor, e eu me encolhi mais, estava magoando-o demais.
— Eu te amo, Alec. Mas, meus filhos vêem em primeiro lugar.
— Eu te amo Renesmee e por isso não quero te perder, mas o que me magoa é que sempre eu estou em último plano, antes eu era o segundo, agora eu sou o terceiro, o que vai mais entrar na minha frente? - seus olhos eram chamas.
Encostei minha testa na sua. Por mais que tentasse eu não podia ficar separada dele. Era um dejá vù constante em minha vida, pois minha mãe passou pela mesma situação em que eu passava agora.
— Ah, meu querido! - eu disse. - Você nunca ficou em segundo ou terceiro plano. Meu coração é enorme e suficiente para todos os tipos de amores. - eu fiz uma pausa e limpei a garganta - É que meu amor por Jake é avassalador. Fomos feitos um para o outro. Antes mesmo de eu existir. Mas, meu amor por meus filhos e incomparável a qualquer amor.
Dei um sorriso e olhei para Alec.
— Entende agora, meu amor? Você é importante para mim também e não quero que você sofra, mas não vou deixar nada acontecer com meu casal de filhos. Pode ser que eu não os tenha visto ainda, mas eu ouvi seus corações batendo. São vidas, Alec, e não posso desperdiçar essas vidinhas.
— Então me promete uma coisa Nessie? - ele não esperou minha resposta. - Promete para mim que você não vai morrer?!
— Não, eu não prometo. - vi seus olhos enchendo-se de dor - Eu juro.
Ele aproximou seus lábios carnudos para os meus. Não me afastei. Não podia, eu o amava.
O beijo foi suave e delicioso. Seu cheiro doce entrava em minha cabeça e me fazia suspirar.
— Não podemos ao menos tentar ficar juntos? - ele perguntou com sua boca ainda colada na minha. - Para mim não é o suficiente, eu quero você.
— Você pode me ter como amiga, e nada mais. - respondi serenamente.
Mas eu quero mais do que isso.
— Mais você não pode ter. - minha voz era inabalável.
E se eu roubar seu coração? - Ele tentou dar um sorriso maroto, mas não deu muito certo.
— Não pode roubar nada, Alec. Pare com isso. - me afastei dele. Ele começava a me irritar. Parecia demais com Alec Volturi quando agia daquele jeito.
— Me perdoe - ele disse quando viu que eu me irritei.
A expressão de Alec era de pura dor, e a minha era o dobro pelo problema e por ter que dizer não a ele e magoá-lo.
Abraçamos-nos mais uma vez, com mais necessidade o que foi um erro, novamente meu ventre pareceu ser arrancado.
— Desculpe, desculpe. Acho melhor você se deitar e descansar um pouco. - ele me levantou em seus braços e me pôs em minha cama, sentando-se ao meu lado. - Vou velar pelo seu sono.
— Obrigada. - sussurrei e cansada adormeci.

Quando acordei estava sozinha.
Tivera um sonho estranho. Olhos vermelhos vinham e roubavam meu menino.
Só de pensar nisso eu estremecia e fica com medo.
Relaxe, disse a mim mesma, nada vai acontecer com seus bebês.
Me troquei, e percebi que minha barriga estava bem maior que antes, com mais volume e mais hematomas, que ótimo.
Coloquei uma blusa comprida para ninguém notar e desci para o café.
Toda minha família estava lá, um "bom dia" em coro e animado foi dedicado a mim. Carlisle disse que iria fazer outro ultrassom mais tarde.
Quando cheguei à cozinha, lá estava ele, parecia um pouco melhor, ele olhou para a minha blusa e meneou com a cabeça.
Sorri para ele e ele veio até mim.
— Eu sei o que esta escondendo com essa blusa, essas "coisinhas" não paravam de te chutar a noite toda. - Alec sussurrou em meu ouvido, mas Jacob que estava do outro lado da cozinha ouviu.
Dei um soco nas costelas do Alec, ele nem sentiu, mas pelo menos o avisei. Andei até Jacob e o beijei tentando passar minha animação para ele, mas foi a mesma coisa que beijar uma parede, ele não havia se mexido e nem falado uma palavra para mim, se possível talvez nem gostaria de olhar para mim, não daquele jeito.
— E então. Desistiram da tentativa de aborto? - perguntei para os dois.
— Sim. - Jacob respondeu com dor.
— Não! - Alec respondeu.
Não gostei da resposta do Alec, mas pelo menos um deles estava do meu lado.
As horas passaram rápido e lá estava eu fazendo o ultrassom novamente, os bebês estavam maiores, mas com nenhuma mudança, já estavam formados e perfeitos.
O dia passou rápido demais, depois de ter tomado um banho, fui até o quintal.
Toda a minha família estava na sala, Jacob tinha saído e Alec também para caçar, no quintal só havia uma pessoa: Demetri.
— Oi. - Disse o mais amigável possível.
— Oi Renesmee. - Ele respondeu sorrindo.
— Por que está sozinho, aqui fora?
— Vai demorar para me enturmar com os Cullens, prefiro ficar sozinho.
— Ahhh, que isso, somos um família agora. - Naquele momento minha barriga doeu mil vezes pior que a última vez, mas respirei fundo e segurei. Demetri havia sorriso para mim com o termo "família" já que ele nunca teve uma, mas antes de conseguir falar alguma coisa, um grito saiu da minha boca. Demetri tentou me ajudar a levantar e depois de alguns segundos toda a minha família estava lá, me levaram outra vez para a maca.
Carlisle estava tentando achar o porquê daquilo, mas algo dentro de mim estalou e eu gritei o mais alto que pude, quando abri os olhos depois daquela dor vi o Alec me olhando espantado na porta da sala, todos se mexiam menos ele.
— Ela já vai ter os bebês? - ele perguntou impassível.
— Não. Ainda não chegou a hora. - respondeu Carlisle.
Alec apenas assentiu e veio mais para perto de mim.
— Sabe que você pode evitar o sofrimento, Nessie. - ele sussurrou.
— Não. - respondeu minha mãe por mim. - Ela vai ter os bebês.
Minha mãe e minhas tias concordavam comigo. Eu teria de qualquer jeito os meus dois filhos.
— Mas, Bella... - tentou argumentar Alec.
— Sem mas.
A voz de minha mãe era dura. Somente realmente me entendia.
— Não se preocupe Alec. Nessie vai ficar bem.
Minha mãe sorriu para mim, transmitindo-me confiança. Olhando para os olhos dourados dela eu sabia que tudo is ficar bem.
Alec bufou, mas assentiu. Ele também sabia que daríamos um jeito. No fundo ele sabia.
Antes que eu pudesse estender minha mão para ele, ele deu meia volta.
— Vou dar uma saída. Volto logo. - disse sem se virar para mim.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Odiava ter que magoá-lo, mas antes de tudo vinham meus dois pequenos.
— Não se preocupe... Ele volta. - disse minha mãe, pegando minha mão.
— Sim, eu sei.
Dei-lhe um sorriso que não chegou aos meus olhos e instantaneamente dois nomes me vieram a cabeça.
— Sophie e Raphael.
Minha família fez cara de ponto de interrogação. Eu revirei os olhos.
— Os nomes dos meus filhos. Sophie e Raphael. O que acham?
— Acho lindo! - entoaram todos.
Sorri satisfeita, mas no fundo eu estava magoada. Meus dois homens não estavam mais comigo. Estavam em uma órbita de sofrimento. Muito, muito distante de mim.

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