terça-feira, 22 de março de 2011

37. Parto
Meu mundo se retorcia de dor. Minha respiração estava presa na garganta.
Nunca imaginei que seria assim. Nunca imaginei que meu parto seria na campina de meus pais. Nunca imaginei que meu marido estaria longe de mim. Nunca imaginei que Alec faria meu parto.
— Céus! O que eu faço! - gritou Alec.
— Alec... Você... Precisa... - dei um grito.
— Tá, tá, certo. - seu rosto belo entrou em foco em meio a minha visão embaçada.
— Aimeudeus! - gritei de novo.
— O que eu faço Nessie?! - Alec estava transtornado.
— Faça o parto!
Meu Deus! Como eu queria a nestezia!
Sem perder mais tempo, Alec rasgou o vestido branco em que eu me encontrava e respirou fundo quando viu todo o sangue.
Sim, isso seria um problema para ele. Deus! Tudo daria errado?
Mas, para minha surpresa, o desejo de seu olhar foi substituído pela determinação. Determinação de fazer o meu parto.
— Nessie... Já está coroando. - ele disse para mim o óbvio. - Vou contar até três e depois quero que você empurre com toda a sua força, tá certo?
Assenti e respirei fundo. Depois empurrei com toda a minha força.
Parecia que eu ia desmaiar de tanta dor.
— De novo! - ele me disse.
E eu empurrei com ainda mais força.
Estava com todo o meu rosto banhado em suor e com certeza estava descabelada. Nunca, jamais em minha vida eu permitiria que alguém me visse assim em algum momento. Em algum momento que não seja esse.
Mas, tudo foi esquecido quando eu ouvi o choro do meu pequeno.
Soltei um suspiro de alívio e me voltei para ver o rostinho do meu bebê, que estava com um pouco de sangue. Se fosse uma situação comum - como eu havia planejado - o médico levaria o meu bebê, o examinaria e o traria de volta para mim, mas como não era... Bem...
— Raphael. - sussurrou Alec e me entregou o meu filhinho.
Agora só faltava a Sophie.
Logo me preparei para a dor de ser mãe novamente. Dessa vez foi mais fácil e eu estava mais ansiosa ainda para ter meus dois filhos em meus braços.
— Sophie.
Dei um sorriso e amparei minha filhinha.
Os dois, os maiores presentes da minha vida, estavam em meus braços. Meus gêmeos.
Os cabelos eram negros como os de Jacob, mas eram cacheados, como os meus. Dois pares de olhos castanhos chocantes me olhavam brilhantes.
Meus dois pequenos já sorriam. Fileiras de dentes de leites branquinhos e lindas covinhas.
Simplesmente, eles eram perfeitos. Tudo o que eu pedi aos Céus!
Queria estar mais alerta para a hora do nascimento. Uma letargia intensa já se encaminha minha direção e logo a minha visão estava embasada. Novamente eu me senti tonta e cansada.
Só tive tempo de dizer mais uma frase antes de apagar:
— Alec... Socorro... Eu... Vou... - e antes mesmo de completar minha sentença tudo ficou negro como um céu sem lua.

Desmaiar não me trouxe alívio. A dor continuava a se espalhar por dentro de mim, por dentro do meu ventre.
Oh, Céus! Meus gêmeos! Onde estariam?
Fiquei aflita com meus pequenos e comigo. Eu não podia morrer. Não podia deixar meus filhinhos.
Eu tinha que sobreviver, mas a pergunta era como. Não havia jeito. Não podia me transformar em vampira, não podia contar com as minhas forças, então, com quem eu contaria?
Eu não devia ter desmaiado, não devia ter me entregado tão fácil. Não era justo. Nem comigo nem com Sophie e Raphael.
Será que Alec ou Jacob me ajudaria? Eu esperava que sim.
A dor aumentava. Tive que gritar. Gritar para mim mesma, por que só eu podia me ouvir. Estava em minha mente.
Bem, talvez meu pai - se estivesse perto de mim - poderia ter me ouvido.
Mas, eu esperava que não. Já trouxe muita dor para ele antes mesmo de nascer. Não queria trazer mais esta.
Droga, a dor ficava cada vez mais insuportável e eu gritava constantemente para mim mesma, mas gritar não me ajudava.
A dor gelava todas as minhas veias e artérias. Simplesmente, insuportável.
O que estava acontecendo?
***
Carlisle
Renesmee perdia grande quantidade de sangue. Era uma hemorragia, por mais que me doa dizer, fatal; ao menos para um humano.
Mas Renesmee não era humana, então talvez ainda houvesse chances para ela.
Alec e Jacob me olhavam atordoados. Jacob chorava e Alec esmurrava a parede.
Ambos se culpavam. Embora nenhum deles era culpado. Desde o momento em que ouvi Nessie dizer as palavras, eu já sabia que nada a faria mudar de ideia quanto aos bebês.
Aos bebês que agora estavam no colo de Jane.
Bella e Edward ainda não haviam chegado. Estavam caçando e não levaram o celular.
Rosalie e Emmet estavam temerosos.
Alice e Jasper também não estavam presentes. Provavelmente estavam fazendo compras. E, desta vez, Alice não podia contar com as suas visões.
Minha Esme rezava.
E eu estava fazendo tudo que era possível.
Agora nós entravamos na sala cirúrgica. Nessie ainda perdia uma grande quantidade de sangue, que escorria e manchava os lençois.
Eu tinha que agir rápido e precisamente.
Pena que o tempo não estava a nosso favor, a menos que...
Uma ideia se formava em minha mente e, tecnicamente era a única chance de Nessie.
***
Jacob
— Você... O que? - Carlisle me fazia uma proposta insana.
— É a única chance dela. Podemos tentar. - ele estava apressado. - Estamos perdendo tempo, Jacob.
— Mas, isso é insanidade! - minha voz estava frustrada.
— Nisso eu tenho que concordar com ele. - Alec disse. Estava morrendo de ódio.
— Repito. É a única chance dela. - Carlisle arqueou as sobrancelhas.
E nessa hora, minha melhor amiga chegou.
— Carlisle! - ela gritou e veio correndo até nós, com Edward logo atrás, já lendo os nossos pensamentos. - O que aconteceu com ela?
Se Bella pudesse chorar, estaria aos prantos.
Edward explicou rapidamente para Bella a situação nada agradável e a única “solução”.
— Faça! - gritou Bella. - Faça!
— Bella, nós não... - comecei, mas ela me interrompeu com um olhar cheio de ódio.
— Ela é minha filha, Jacob! Não vou perdê-la! - gritou ela para mim.
— Mas nenhum de vocês tentou tirar esses monstros dela! - gritei e lancei um olhar mortal para meus filhos. E depois ganhei um tapa - bem dado - de Bella na cara.
— Nunca eu pediria a minha filha que desistisse dos seus! Nunca. - virou-se para Carlisle. - Faça.
Sem perder mais tempo, o médico pegou os dois monstros e levou-os para a sala de cirurgia onde Nessie se encontrava quase morta.
***
Jane
Tiraram os bebês dos meus braços e os levaram até Nessie.
Todos os acompanharam, exceto Demetri, Alec - que não esmurrava mais a pobre da parede - e eu.
Karina me ligara e disse que chegaria logo.
Ah, como eu sentira falta da minha irmã mais nova. Alec também e nós duas sabíamos que ele precisava dela.
Fui até ele e o enlacei em meus braços.
— Não se preocupe. Nada vai acontecer. Ninguém vai deixar. - sussurrei para ele.
— Jura? - podia sentir que ele ainda tinha esperanças.
— Juro. - sorri para ele e cruzei os dedos mentalmente.
Eu realmente esperava que a ideia de Carlisle desse certo, porque do contrário eu não sabia o que iria acontecer com meu irmão.
***
Jacob
Acompanhei Carlisle até a sala de cirurgia, que de vazia ficou cheia.
Minha Nessie estava deitada, mais pálida que o normal, e os lençois estavam encharcados de sangue.
Bella cause gritou quando viu a filha assim. Edward ficou boquiaberto.
E eu quase gritei.
Aos poucos eu desmoronava por dentro e, sentia que nada mais se encaixava em meu mundo. Minha Nessie estava quase morta e agora essa ideia de Carlisle ia matá-la por completo.
— Tenha esperanças. - sussurrou Edward para mim enquanto passava para ficar do lado de Bella, que pegava a mão inerte de Renesmee.
— Muito bem - disse Carlisle se aproximando com o monstro e com Rosalie segurando a monstrinha - Essa é nossa única chance.
Ele suspirou e lágrimas desceram por meu rosto.

Alec
No colo de Jane eu sofria. Sofria como havia sofrido séculos atrás, quando fomos perseguidos.
Mas, daquela vez eu sobrevivera. Será que dessa eu também escaparia?
Será que Renesmee escaparia? Tinha que concordar com Jacob, a “solução” era insana, mas eu faria qualquer coisa por ela.
Ah, se eu pudesse trocar de lugar com ela!
— Alec. - chamou Karina.
Ela me tirou dos braços de Jane e me pôs nos seus.
Eu sentira tanta falta dela! Como sentira! Fora, realmente uma surpresa quando ela fora nos procurar no castelo Volturi.
Fora ela que nos tirara de lá.
Flashback On
Jane e eu estávamos passeando pelo pátio quando vimos uma intrusa entrando em nosso território.
Fomos diretamente até ela, mas ao invés de ficar com medo, ela sorriu para nós.
Era um sorriso que eu conhecia...
— Ah, Alec, Jane, vocês dois estão iguais! - como ela sabia nossos nomes? Jane e eu trocamos olhares.
— Não estão me reconhecendo?! Agora me magoei. - a garota fez um beicinho.
— Desculpe, mas quem é você? - perguntei.
— Alec, não podemos falar com vítimas! - exclamou Jane.
— Vítima?! Está pensando em me matar, Jane?! Agora fiquei chocada.
— Quem é você? - perguntei novamente.
— Ora bobinho, sou sua irmã... Karina, lembra?
Flashback Off
Ela me fizera uma grande surpresa, realmente, mais surpreso eu fiquei quando ela sugeriu a fuga e quando soube com quem ela estava envolvida.
Flashback On
— Alec, Jane, nós vamos fugir! - exclamou uma sorridente Karina com a mão direita enlaçada na de Demetri.
— QUÊ??? - perguntamos eu e Jane. Demetri nos olhava com um sorriso também.
— Ora, vamos fugir. Ser livres! Heidi e Felix também vão. Só faltam vocês! Mas, é óbvio que vocês vão, não é? - Karina desfez o sorriso e ficou preocupada.
Jane e eu nos entreolhamos.
Não podíamos largar os Volturis. Podíamos?
Nós já nos havíamos decidido antes mesmo que soubéssemos.
— Sim, nós vamos! - falamos em uníssono.
E então - na calada da noite, quando Aro, Marcus e Caius estavam ocupados juntos com os demais guardas - fugimos.
Flashback Off
Agora eu parecia um bebê em seu colo.
***
Jacob
Seria agora.
Ou funcionava ou ela morria.
Respirei fundo enquanto Carlisle aproximava mais os gêmeos de Renesmee e, prendi a respiração quando eles a morderam.
Carlisle achava que eles tinham veneno cicatrizante, como os dos vampiros, mas eles não transformavam ou davam qualquer perigo de transformação.
Eles continuaram a mordendo até que pararam.
— Temos que esperar agora. Tomara que dê certo! - falou Carlisle.
Esperar... Aparentemente por duas horas. Carlisle estava certo que iria funcionar, agora eu só precisava ter fé.
Fui até ela e segurei-lhe a mão.
Estava gelada, mais do que antes, mas isso indicava que o veneno estava fazendo efeito.
Pouco a pouco a cor dela foi voltando ao normal e, seus ferimentos curavam-se.
Eu não podia crer em meus olhos.
Todos ficaram felizes e foram avisar a Alec que estava dando certo.
Logo depois, ele apareceu no quarto com um sorriso no rosto e se postou do outro lado de Renesmee.
As crianças ainda estavam perto dela. Eu não olhava para seus rostos, não queria ter que ver os monstros criados por mim.

Duas horas se passaram e finalmente o instante chegou. Ou ela vivia ou ela...
Mal pude acreditar em meus olhos quando vi os lábios dela tremeluzirem e seus olhos castanhos se abrirem.
Mas, estes não estavam focalizados em mim. E sim neles. Nos monstros que cause tiraram sua vida e os monstros que a fizeram voltar.
Renesmee sabia que havia sido eles que salvaram sua vida e sorriu para os monstrinhos.
***
Renesmee
A dor aumentava. Parecia nitrogênio em minhas veias, mas, de certa forma eu sabia que estava sendo bom para mim, pois sabia que estava me curando.
A ajuda finalmente chegara e eu sabia quem havia feito o milagre.
Meus filhos. Os dois. Meus dois pequenos milagres.
Cerca de duas horas se passaram, a dor não diminuía até o último minuto. Quando eu pude ouvir tudo, quando a dor parou.
Sabia que podia abrir os olhos agora.
E fiquei maravilhada com o que vi.
Vi meus dois milagres particulares, Sophie e Raphael.

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