terça-feira, 22 de março de 2011

34. Deus, tudo de novo não! - Jacob

34. Deus, tudo de novo não!
Jacob
— Tô grávida!
Aquelas simples duas palavras fizeram meu mundo desabar.
Toda a gravidez de Bella passou diante dos meus olhos. Todo o sofrimento, toda a dor do parto. Toda a raiva que eu senti por ver o que ela passou naquelas semanas agonizantes.
Eu não suportaria ter que passar por tudo isso de novo. Não, eu não aguentaria ver minha mulher se machucar.
Renesmee estava esperando alguma reação minha, mas eu só conseguia ficar encarando-a cheio de medo.
Percebi que todos nos deram os “parabéns”, mas Nessie estava observando somente Alec e eu.
— Jake? Alec? - entôo.
Quando falei, não consegui dizer alguma frase concreta.
— Nessie... Eu... - não consegui terminar.
Alec saiu da casa correndo e Renesmee o seguiu. Ouvi alguns gritos dela e depois ela entrou e quando viu que eu ainda encarava o chão ela gritou comigo.
— JACOB BLACK.
Fiquei calado.
— Cansei. - ela disse. - Desisto. Quando você cair na real, venha até mim.
Ela subiu a escada aos soluços.
Eu só conseguia pensar em uma coisa... Nessie agonizando até morrer enquanto meus próprios filhos saiam dela aos dentes.
Eu fiquei naquele transe por vários minutos até Edward me acordar.
— Jacob, você devia ir falar com ela.
Olhei para janela e estava caindo uma tempestade horrível e eu nem tinha percebido. Quando estava indo subir as escadas, Alec entrou na sala, ensopado e me encarava com fúria, Edward ria baixinho provavelmente pelo o que um de nós dois estava pensando.
Se Alec queria me matar, Edward assistiria de camarote.
— Posso falar com você Jacob?- As palavras saiam da boca dele como um sarcasmo, o estranho é que eu não conseguia me irritar com ele naquele momento, estava mais preocupado com minha esposa.
— Claro - Caminhamos até a cozinha e ele fechou a porta, provavelmente para os que estavam na sala não escutarem, mas não adiantaria de nenhum jeito.
— Isso vai matar ela, não vai? - As palavras saíram com uma raiva profunda, e essa pergunta só me machucava mais, porque a resposta era um belo "sim".
— Sim - respondi - mas podemos evitar.
— Evitar como, "aquilo" já esta dentro dela? - Os olhos carmesins dele pareciam estar em chamas.
— Vamos dar um jeito.
— Olha-ele me interrompeu - Enquanto vocês estavam na "luazinha de mel" de vocês Edward me contou o que aconteceu, a única saída é a vampirização, mas a Nessie não pode receber veneno nas veias, senão ela morre. - ele parou por alguns minutos meneando com a cabeça para ele mesmo. -Me mostra outra saída Jacob!
Toda a fúria dele só tinha aumentado e ele fechou as mãos em punhos provavelmente para me socar, eu não ligaria, ele estava certo, e a culpa era minha.
Ele ainda esta olhando para o chão, envolta dele tinha uma poça, seus punhos ainda estavam fechado.
— Eu não estou feliz com essa situação. - Respondi, tentando acalmá-lo.
— Não, você deve estar muito feliz, por que era isso o que você queria desde o começo! Você e essa porcaria de imprinting, se não fosse por isso ela poderia viver!
— O imprinting não é uma porcaria e é uma coisa maravilhosa entre nós.
— Maravilhosa? Você só está usando o corpo dela para carregar "aquela coisa"! E o pior é que a Nessie te ama o suficiente para não perceber, se ela estivesse comigo nada disso teria acontecido.
— Um filho seu seria bem pior, mataria ela antes mesmo de nascer. - Com essas palavras ele avançou para cima de mim e me deu um belo de um soco, meu nariz havia quebrado e o gosto de sangue inundou minha boca.
Ele começou a avançar para mim de novo, mas Jane - que apareceu do nada - segurou seu braço.
— Para, não queremos machucar ninguém, acabamos de nos instalar.
— Por que parar? É o que esse imbecil merece. Ele vai matar a única mulher que eu verdadeiramente amei! Socos para ele não é nada. Ele tinha que...
Morrer. Completei seu pensamento. Sim, talvez eu merecesse a morte, mas não enquanto a minha esposa continuasse viva.
— Acalme-se Alec! Agora! - ordenou Jane.



— Não!- Ele gritou. - Você não manda em mim!- Eu levantei e tentei segurá-lo também, mas ele quebrou meu pulso.
— Alec para!
Ele parou e olhou para mim, a raiva e a adrenalina só estavam maiores.
— Eu vou te matar!  Ele avançou novamente para cima de mim e conseguiu chegar ao meu pescoço, mas antes de conseguir causar algum dano ele estava no chão se contorcendo.
Depois que Jane parou, ela o segurou com toda a força que tinha, e ele acabou cedendo.
— Agora chega!
Jane estava me protegendo. Se Nessie não estivesse condenada eu com certeza iria rir. Qual é... Daqui a pouco a loira oxigenada iria formar um escudo a minha volta.
— Eu to cansado desse idiota Jane. - ele lhe disse.
— Eu entendo maninho. - maninho? Hoje abriria um sol de 40ºC em Forks. - Mas, você precisa se acalmar. Tem de pensar um jeito para a Nessie ficar bem. - 40ºC não! O mundo iria explodir!
Depois de vários minutos imóvel, ele olhou para mim, a fúria tinha sumido, mas a dor tomou o lugar.
— Por favor! Não a deixe morrer! Tira aquilo de dentro dela.
Com esse sussurro ele e Jane sumiram da cozinha.
Andei até o lavabo e tentei ao máximo limpar minha boca, enquanto a loira oxigenada reclamava.
— Edward, aquele cão imundo destruiu a cozinha. E esta deixando a casa fedorenta.
— E quando ele não fede? - Edward respondeu calmo.
Subi as escadas depois de quase perder a minha cara, abri a porta do quarto e lá estava ela deitada. Seu rosto mostrava que ela tinha desatado a chorar. Olhando para o corpo adormecido dela reparei que, por mais estranho que pareça, a barriga dela estava com alguns centímetros maior, seria possível ou talvez só impressão minha?

— Te amo. - sussurrei em seu ouvido e ela se mexeu. - Nessie, amor? - Ela levantou e me abraçou, ela estava mais fraca, quase não a sentia tocando em mim.
— Me desculpe ter gritado com você, mas é que você não falou nada e o Alec foi embora e é tudo por minha culpa.
— O Alec voltou, pode acreditar, eu sei...
— Me desculpe Jacob - as palavras saiam da boca dela como um sussurro, ela estava soluçando.
Eu sai dos seus braços e a beijei com todo o amor que eu tinha naquele momento, sabia o que ia dar no final, como poderia mantê-la viva?
— O Alec voltou? - Ela perguntou com a voz fraca.
— Voltou.
— Depois você pode pedir para ele subir, eu quero conversar com ele?!
— Claro.
Ela deitou em meu peito enquanto eu afagava seus cabelos, depois de um tempo ela dormiu novamente.
***
Sai do quarto transtornado. O que eu faria? Tinha de haver um jeito, mas eu não sabia qual.
Só de pensar em perder a mulher que eu amo me vinha uma dor avassaladora.
Todos haviam parabenizado, mas eu sabia que só o fizeram para agradá-la.
Claro, talvez a loira idiota realmente estivesse feliz, afinal era mais uma chance para ela roubar os bebês de alguém.
Desci as escadas, a sala estava vazia, com certeza não iria falar com o senhor "irritadinho" agora!
Sentei-me no sofá branco de Esme. Estava tão cansado e nunca me senti assim antes, nem mesmo quando eu fazia as patrulhas durante o dia inteiro.
Parecia que cada um dos meus ombros tinha um peso equivalente a uma tonelada.
— Acho melhor você dar o recado ao Alec, Jacob.
Levei um susto tremendo quando Edward apareceu do nada.
— Já estava indo. - balbuciei enquanto me levantava. - E vê se para de escutar minhas conversas com a Nessie!
— Ela é minha filha cachorro.
Bufei e cheirei o ar. Cadê o Alec?
— Está lá fora, Perto do rio. - respondeu meu sogro. - Talvez você devesse tomar um remédio para gripe. Seu nariz deve estar entupido.
Fui até a margem do rio onde o sanguessuga estava. O tom dos olhos dele - vermelhos - sempre me assustava.
Toquei - por reflexo - meu nariz. Já havia parado de sangrar e não estava mais quebrado. O bom de ser um lobo era isso. Cura quase instantânea.
— Ei, sanguessuga, a Nessie quer falar com você.
Ele me olhou com um ódio grande e se levantou, fazendo questão de esbarrar em mim ao passar.
O acompanhei para dentro e o vi subir as escadas correndo.
Estanquei. Eu sabia que não devia ser um Edward II, mas a curiosidade me matava.
E, se ele estivesse com tanta raiva que machucasse Nessie?
O dilema girava em torno da minha cabeça.
Ah, que se dane - pensei e subi veloz, a escada.
Parei em frente à porta, já dava para ouvi-los.
— Oi Nessie. - ele disse delicadamente.
— Oi Alec. - ela suspirou. - Desculpe por ter gritado com você, mas eu estava tão feliz que queria compartilhar minha felicidade com todos.
— Não, não tem porque se desculpar. - agora ele suspirou. - Eu é que lhe devo desculpas.
Tive certeza que eles sorriram um para o outro.
— Desculpas aceitas. - sussurrou Renesmee.
— E como você está?
— Ótima! Estou começando a pensar em uns nomes.
Silêncio.
— Você parece triste, Alec. O que houve?
— É só que eu tenho medo, Nessie. E se esse “bebê” lhe machucar? - as aspas estavam explícitas na frase.
— Não vai.
Ele suspira de novo e não diz nada.
— Olha, Alec, eu já o amo. Não posso me desfazer dessa coisinha fofa! - ela sorria, tinha certeza.
— Tenho certeza que é realmente uma coisa, mas não é fofa. - resmungou ele.
— Alec!
— E se acontecer igual aconteceu com a sua mãe Renesmee? Para ela teve um fim feliz, mas e para você? Não sabemos se você pode ou não receber veneno em suas veias. O que acontece com você?
Silêncio, pelo o que conheço a minha esposa ela deveria estar com a cabeça baixa e corando.
— Nessie, não quero que você se machuque. Você sabe o que essa coisa pode fazer.
— Alec! Não é uma coisa, é o meu filho!
— É, espero que seu "filho" não mate você. - Depois que ele disse isso, pude ter certeza que lágrimas estariam descendo dos olhos de Nessie.
— Olha, e desculpe querida, não chora. - Eu estava certo, escutei alguns passos no quarto, provavelmente ele deveria ter sentado do lado dela, e a palavra "querida" me deu um pouco de raiva.
Mas, antes que eu realmente começasse a me preocupar com as nomeações que ele dava a ela, ouvi uma coisa que fez tudo parar por um segundo.
Ouvi o grito agudo de dor dela. De Renesmee.
Já começara? O meu filho já começara a matar a mulher que eu amava mais que tudo no mundo?
Tremendo de medo, irrompi a porta de madeira. Por pouco ela não cai, tamanha foi a força que eu usei para abri-la.
Quando entrei só liguei para ela, que estava toda arqueada e com a expressão de dor.
Alec estava de olhos arregalados, mas se recuperou antes mesmo de eu chegar até eles.
Ele pegou minha esposa no colo e correu para a porta, nem ligando para mim, desceu as escadas e gritou um único nome:
— Carlisle!
Nunca vou esquecer da dor embarcada em sua voz.

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