terça-feira, 19 de abril de 2011

Epílogo: A profecia que se cumpre.

Epílogo: A profecia que se cumpre.

Voltei para casa arrasada!
A dor era tamanha. Não passava, não importa o que eu tentasse fazer.
Eu queria saber o que tinha acontecido. Por que levaram meu bebê?
Eu sabia que eu era culpada. A única responsável por tudo. Mais uma vez.
— Sente-se, Jane. - disse Carlisle.
Jane tinha passado mal na floresta, por isso voltamos.
As lágrimas continuavam jorrando de meus olhos. Jane também estava com cara de choro, mas mais branca do que já era.
— O que você sentiu? - perguntou vovô.
— Uma... Uma dor aqui. - disse Jane e depois deu de ombros.
Carlisle a deitou no pequeno sofá branco e a examinou.
— Impossível! - ele deixou escapar.
— O que foi? - perguntei preocupada. Minha voz entregava a dor que eu sentia e que já era visível para todos. - Jane, você está...
Que palavra eu podia dizer? Bem? Não, ninguém estava bem, ninguém.
— O que foi Carlisle? - perguntou Jane.
— Meu Deus! - disse Carlisle antes de fitá-la. - Jane... Você... Você está grávida!
Tia Rose que estava na sala derrubou um copo de água que trazia para mim.
Todos fitaram Jane e Carlisle boquiabertos.
— Como? - perguntou Jane. - Vampiras não ficam grávidas. Nosso corpo não pode mudar para a criança se desenvolver.
— Mas, aconteceu. - disse vovô. - Agora eu queria saber como.
Jane grávida? Então... O filho era de... Raphael?
— Jane, você e Raphael... - deixei o final implícito.
Ela assentiu e voltou a chorar do modo vampiresco.
— Meu Deus! - eu disse. - Carlisle, tem certeza?
— Sim. - ele confirmou. - O ventre já está bem acentuado.
Jane olhou para a barriga contra a luz. Não estava assim tão grande, mas erra bastante para...
— Quando? - perguntei.
— Um dia antes de essa atrocidade acontecer. - ela disse ainda olhando para a barriga.
Olhei para Carlisle.
— Vou pegar o ultrassom. - disse ele e saiu da sala correndo, voltando após um segundo. - Não é certeza que vamos poder ver alguma coisa, mas...
— Podemos tentar. - completei.
Carlisle assentiu.
— Jane, por favor... Suba a camisa. - pediu ele.
Ela subiu até a altura do estômago a regata branca e Carlisle pôs o gel.
Vovô ligou o aparelho e depois pudemos ver.
Ver a nova vida que crescia no ventre de Jane.
— CÉUS! - ela gritou. - Isso é impossível! Meu corpo não vai...
— Correção. - disse Carlisle. - Já está mudando.
Olhei para o filho de Raphael. Ainda era um feto, mas mesmo assim não consegui deixar de sorrir.
— Eu vou ser mãe? - perguntou Jane.
— Eu vou ser avó? - perguntei.
— Eu vou ser bisavó? - perguntou mamãe.
Carlisle sorriu, embora o sorriso não chegasse até seus olhos.
— Sim, vão.
Meu sorriso se alargou.
— E quanto tempo vai levar até a gestação estar completa? - perguntou Jane.
— Uns... - vovô pensou. - Cinco meses. Talvez seis.
Jane sorriu. Era a primeira vez desde a batalha.
— Vou ser mãe. - e depois o sorriso se esvaiu. - E Rapha não está aqui para acompanhar.
Ela voltou a chorar. Desta vez, lágrimas saíram de seus olhos.
Uma escorreu a sua boca e ela se surpreendeu.
— Como? - quis saber.
— Seu corpo vai mudar na gestação, Jane. Acho que você vai poder chorar, até uns seis meses, depois da gestação. - disse Carlisle. - O que significa que você também vai amamentar.
Vovô tinha uma expressão pensativa.
— Quer escutar o coração? - perguntou
Jane assentiu.
O som do coração de meu neto batendo encheu a sala silenciosa. Era como ouvir novamente meu filho. O coração era forte e trazia algum som alegre novamente para dentro de casa.
— Meu filho. - disse mamãe Jane.
Sorri para ela e apertei sua mão fortemente.
Eu ainda tinha esperanças que Raphael voltaria.
Tinha que ter, ou então não suportaria continuar vivendo.
— Com licença... Tenho algumas coisas para pesquisar. - disse Carlisle se retirando para o seu escritório no segundo andar.
A casa ficou em silêncio, a não ser pelo coração do filho de Raphael batendo.
O silêncio foi quebrado pelo grito animado de Sophie.
— Deus do céu! Vou ser tia! - disse Sophie sorrindo e correndo até nós.
— E eu vou ser tio! - disse Alec sorrindo para a gêmea. - Será que ele vai puxar a nós, Jane?
Ele abraçou a irmã. Eu sabia que apesar de eles terem se separado quando foram para a guarda, eles se amavam e sempre se protegeriam.
A posição e a cara de Alec dizia isso agora. Ele sempre protegeria Jane.
Assim como ele também protegeria Sophie, como prometeu.
Queria que Raphael estivesse aqui para ouvir o coraçãozinho de seu pequeno filho batendo.
Queria poder abraçá-lo e pedir desculpas por tudo. Por ter desencadeado todo esse sofrimento.
Nahuel estava certo no sonho.
O meu destino era sofrer, mas agora eu tinha uma pequena luz vindo ao mundo. Uma luz que ia me lembrar de Raphael de uma maneira boa.
Sophie passou os braços ao redor de nós três e murmurou:
— Não se preocupem. - disse ela, mais para mim e para Jane do que para Alec. - Ele vai voltar! Sinto isso dentro de mim, nós temos a comunicação de gêmeos, sei que ele está bem e que voltará logo.
Eu sorri para minha filhinha.
Queria que ela estivesse certa. Eu não podia ter perdido meu filho.
Secretamente jurei que me vingaria. Os Volturi iriam pagar pelo que estavam fazendo com a nossa família.
Nossa família que nem teve tempo de se despedir direito. Uma família que não passou sequer um ano junta e que já foi destituída.
Eles iriam pagar, se iam.
Olhei novamente para o ultrassom e me enchi do som do coração de meu netinho batendo.
Era a única coisa boa nisso. O presente final de Raphael.
“Não desista”, disse para mim mesma “ Ele vai voltar”.
Lembrei-me de cada momento feliz que passei com meu filho, desde o instante de seu nascimento sangrento e que quase me matou até o último vislumbre na batalha.
Na batalha que o levou, que levou metade do meu coração embora.
Depois de lembrar cada momento, guardei-os no coração, lá no fundo.
Suspirei e me levantei. Tinha mais uma coisa que me esqueci de perguntar para vovô.
Subi as escadas roçando minha mão no corrimão liso e macio. Depois fui até o gabinete de Carlisle e bati na porta.
— Entre, Nessie. - disse ele.
Abri a porta. Vovô estava com um enorme livro aberto nas mãos.
— Devia usar mais a internet, vovô. - brinquei.
— Não a aprecio muito. - ele me olhou gravemente. - O que precisa?
— Queria saber quanto tempo ele vai demorar para crescer depois que Jane der a luz.
— Hum... É exatamente isso que eu estou calculando, mas tudo indica que o filho dela vai ter um desenvolvimento mais lerdo do que o seu até. - disse vovô.
Sorri.
— E mais uma coisa... Jane vai se alimentar do que? - perguntei. Eu queria fazer alguma coisa para comer.
— Sangue e comida humana. Faça seu bolo, acho que ela vai adorar, já que gora pode apreciar o gosto.
Eu sorri. Meu bolo. Praticamente a melhor coisa que eu fazia.
— Ok. - sorri. - Obrigada, Carlisle.
Ele sorriu e quando eu já ia fechar a porta, ele me chamou.
— Sim?
— Descanse! - ordenou e sorriu.
Devolvi o sorriso - que não chegou a meus olhos - e fechei os olhos, indo para a cozinha no andar de baixo.
Só os abri quando precisei descer as escadas.
De lá segui para a cozinha. Jane ainda ouvia os batimentos cardíacos do bebê.
Sorri para ela ao passar e entrei no cômodo que queria.
Comecei a preparar a comida ainda pensando em Raphael. Eu nunca poderia esquecê-lo.
Ah, como eu queria que ele visse o crescimento do filho!
“Ele vai ver” eu falei mentalmente. “Vou procurar por meu filho pela eternidade”.
Era uma promessa e eu iria cumprir. Acontecesse o que acontecesse.
A profecia se cumpriu, mas eu ia mudar o desfecho.
Eu não ia sofrer por toda a eternidade!
Olhei pela janela da cozinha. O anoitecer caia lá fora. Sob esse anoitecer eu fiz o juramento. Eu ia cumprir.

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